My Life

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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Desafio Vanguarda: na terra, na água e no ar!

Foto: Marcos Rocha/7DB Produções

Como mostrar as belezas da nossa região e a diversidade de esportes em meio a tanta natureza? Como envolver os municípios, a população, as crianças e fazer o telespectador repensar no seu modo de vida, na saúde, na superação dos seus problemas? como mostrar a eles que com garra e determinação conseguimos tudo que almejamos na vida?

Foto: Marcos Rocha/7DB Produções
Foi com esse intuito que o repórter desafiado “café com leite” Bruno Pelegrine começou esse projeto e durante meses ele e três atletas da região, Marcela Sottile e Ruy Araújo, educadores físicos e eu, jornalista e atleta da canoagem e corrida de aventura, começamos a dar vida no que seria um grande marco para o esporte na região e todas as cidades envolvidas.
O objetivo era um só: 300 km, 10 modalidades esportivas, em seis dias, passando por 11 cidades do Vale Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira. Percurso que teve a largada em Santo Antônio do Pinhal e sua chegada emocionante em Ubatuba.


Eu como jornalista e amante do esporte outdoor sempre tive esse sonho, parecido com o do Bruno em informar, envolver, ajudar, trocar experiências e ao mesmo tempo vivenciar os esportes que eu tanto amo com outras pessoas.
E foi assim depois de meses entre reuniões e treinos que partimos para aquela aventura que com certeza seria a maior experiência de nossas vidas. 
Além de cumprir um percurso diário, tínhamos a meta de horários para a chegada às praças das cidades e para a gravação ao vivo com o link da TV, o que deixava o telespectador mais próximo do que estávamos vivenciando e toda dificuldade encontrada no caminho.

1 DIA: 
Foto: Marcos Rocha/7DB Produções
Não poderia ser mais desafiador do que iniciar o desafio há 1.600 metros de altitude saltando de paraglider do Pico Agudo em Santo Antônio do Pinhal, única modalidade do desafio que não fizemos o simulado, e com certeza a etapa mais amedrontadora para todos.

Foto: Arthur Costa/globoesporte.com

Bruno foi o primeiro a decolar após uma tentativa que não deu certo, onde o vento não colaborou, o que me deixou ainda mais tensa e imaginando como seria o meu salto. Fui à última dos quatro atletas e tive as primeiras três tentativas canceladas, meu coração nessa hora foi a mil por hora, os olhos encheram de lágrimas, mas tirei aquela coragem láaaaaaaa de dentro até então abduzida pelo meu medo e mergulhei no desconhecido louca para vislumbrar aquele cenário perfeito da Serra da Mantiqueira.

Quarenta minutos depois já estávamos em terra firme, ufa... Isso era só o primeiro desafio de muitos que viriam pela frente naqueles 06 dias, certos de que a cada dia e com o corpo mais dolorido o desafio iria ficar ainda mais difícil.

Sem descanso e ainda um pouco enjoada do voo subimos na bike rumo à cidade de Pindamonhangaba. Em todos os trajetos tivemos a companhia de alguns “anjos atletas”, nome em que chamei nossos atletas convidados que sempre de alguma forma nos incentivava a seguir em frente passando motivação e informações técnicas da modalidade para melhorar nosso rendimento.

Foto: Marcos Rocha /7DB Produções

Nesse trecho ganhamos o reforço do atleta paraolímpico Tiago dos Santos. Passamos por Pinda onde recebemos o carinho de muitas crianças que nos aguardavam ansiosas com perguntas e curiosidades e seguimos até Tremembé, onde a praça já se encontrava “borbulhando” de pessoas a nossa espera. Energia boa pra seguir em frente porque até Taubaté seguimos na corrida em companhia do também atleta paraolímpico Claudemir Aleixo, esse que eu já sabia seria um trecho difícil pra mim, e foi. Foram 9 km de corrida sendo que no km quatro eu já sentia fortes dores no joelho. Daí pra frente foi uma briga entre dores e o psicológico, misturado a uma pequena decepção comigo mesma, mas que com a força de todos ao meu lado superei e chegamos na Praça Santa Terezinha sendo recepcionados com uma linda festa e comemorando os 60 km do primeiro dia.

Tensão, adrenalina, calor, força, dor, superação. Se o primeiro dia do Desafio já foi assim, imaginem o que vem pela frente...

2 DIA:

Foto: Marcos Rocha/7DB Produções
Acordávamos bem cedo todos os dias, e nosso próximo destino nessa manhã gelada e encoberta pela neblina foi pedalar de Taubaté até São José dos Campos passando por Caçapava, 65 km entre morros, estradões de terra, cascalhos e muita poeira, o que ficou ainda mais divertido com a companhia da triatleta Carla Moreno, um exemplo de disciplina e determinação no que vem a ser pra mim o esporte mais completo a ser praticado: o Triathlon.

Em Caçapava paramos para um rápido descanso, alimentação e o carinho dos moradores e seguimos pelas estradas rurais até São José. O calor já era intenso e as árvores cada vez mais escassas.

Para animar nosso atleta que de “café com leite” já não tinha nada, moradores acompanhavam a passagem da equipe com o grito que se tornou tradicional no desafio “Vai, Bruno”.

Depois de 6 horas chegamos ao Parque da Cidade em São José dos Campos. Desgaste extremo, pernas moídas e uma leve dor de cabeça devido ao sol brigavam com aquela sensação de missão cumprida e felicidade. Era hora de descansar, repor as energias e receber o atendimento de nossos fisioterapeutas da PMB, que todos os dias ajudavam no alivio das dores físicas.

Dormi sabendo que dai pra frente o que está ruim pode piorar! Hahahahaha

3 DIA:

Foto: Marcos Rocha/7DB Produções

E o que eu não tinha noção nesse terceiro dia era que a Rodovia dos Tamoios sentido Paraibuna tinha tantas subidas, hahahahahaha

Mas nesse trecho tínhamos a elite do Ciclismo de São José dos Campos nos acompanhando e ajudando no que eles mais sabem fazer: pedalar no asfalto.

Foram 40 km trocando experiências técnicas sobre a modalidade speed entre subidas longas e descidas em alta velocidade. Adoroooooo descidas!

Fomos recepcionados em Paraibuna de um jeito saboroso e diferente. Um café caipira com comidas típicas da região. De “barriga cheia” pedalamos os 10 km de estrada de terra com subidas até a beira da represa onde iríamos iniciar a canoagem de 25 km até Redenção da Serra.

Agora simmmmm, me livrei da bike, rs já não suportava mais aquele selim! Hehehehe #tudoassado

Foto: Arthur Costa/globoesporte.com

Foto: Wagnão

Foto: Arthur Costa/globoesporte.com
Na água me sinto em casa literalmente, e para nos acompanhar na bela tarde do terceiro dia tivemos a companhia da equipe de canoagem de Pindamonhangaba, formada por adolescentes renomados na canoagem nacional.

Os braços estavam inteiros e se comportaram direitinho até o final das quase 05 horas de remada, até o sol resolveu nos observar e deu as caras num lindo final de tarde.

Foto: Arthur Costa/globoesporte.com
Dormimos essa noite em barracas muito bacanas a beira da represa, e como diz meu amigo e parceiro de desafio Ruy Araújo, quem mandou ligar o ar condicionado a noite gente? Rs

4 DIA:

Foto: Arthur Costa/globoesporte.com
Acordamos com aquele ”friozinho” gelado e prontos para conhecer uma das modalidades que eu fiquei mais curiosa para aprender: a marcha atlética! Isso mesmo, o Campeão Paulista João Elisiário chega a fazer 50 km em provas e nos ensinou um pouco da técnica desse esporte tão pouco divulgado no Brasil.

Bom, mas até São Luís do Paraitinga são 40 km de estrada de terra e não temos o preparo para seguir de marcha atlética até lá, corremos 5 km até encontrarmos a estrada que nos levaria de bike até São Luis enquanto o João nos acompanhava correndo, isso mesmo, correndo e rápido.

Foto: Arthur Costa/globoesporte.com
Entre subidas longas e íngremes as pernas já sentiam os dias anteriores, e o pedal começava a ficar sofrido a partir de então, só o que me motivava era saber que estaria chegando à minha querida São Luis do Paraitinga e que teria meus pais e amigos me esperando.

Os km finais até o centro de evento foram de muita emoção, um misto de felicidade e dor que só amenizaram depois do abraço do papai e da mamãe. Almoço e mais 35 km de pedal até a base do Parque Estadual da Serra do Mar, no Núcleo Santa Virginia, aonde chegamos já com a luz da lua, cansados, dores nas pernas, muito frio e fome.

Já estávamos cada vez mais perto do nosso objetivo e a expectativa para o dia seguinte foi grande!

5 DIA:

Foto: Arthur Costa/globoesporte.com
Esse foi o dia mais longo do desafio, acordamos às 04 horas da manhã e as 05:30 já estávamos na beira do Rio Paraibuna para fazer o rafting, modalidade onde a minha paixão pela canoagem teve inicio.


Foram 3 horas de corredeiras, belas paisagens e uma descontração única que essa equipe teve durante todo percurso. Um filme passava na minha cabeça, de quantas vezes fiz aquele percurso e como eu ainda me sentia em casa estando ali navegando por aquele rio.

Da água pra montanha em uma transição rápida e lá estava ela a nossa espera, imponente e sombria num total de 17 km até a Praia Dura em Ubatuba.


Foto: Helio de Sousa

Para deixar nossas 7 horas de trekking mais desafiadora, a chuva resolveu lavar nossa alma até a conquista do Pico do Corcovado, entre bromélias, orquídeas, árvores nativas, subidas difíceis e bastante técnicas chegamos ao cume no tempo previsto, mas sabíamos que a chegada seria a noite, e os momentos finais da descida seria de pura concentração, pois qualquer “vacilo” poderíamos escorregar e colocar o desafio a perder. Pernas, joelhos e o corpo já davam sinal de cansaço e fadiga. Porém a mente estava vibrando com essa reta final! 

Foto: Felipe Matias
6 DIA E A TÃO ESPERADA CHEGADA!

Foto: Marcos Rocha/7DB Produções
E o dia amanhece lindo, sorrindo pra nós, e daqui a algumas horas estaríamos concluindo essa incrível jornada de aventura, conhecimento e evolução!

Ficamos três dias longe da internet e não tínhamos a noção da proporção que esse desafio tomou... Eu e Marcela nas redes sociais éramos exemplos de mulheres guerreiras, fortes e invencíveis, kkkkk quem disse que mulher tem sexo frágil? #vamosmulherada

Foi pedalando 16 km até o cais na Praia do Itaguá que começamos a cair na real, carros passavam buzinando, pessoas acenavam e gritavam #vaibruno #vaidesafio e essa energia tomava conta do coração, cada vez mais apertadinho, afinal o que seria da minha próxima semana sem a equipe do Desafio Vanguarda!

Foto: Ubatuba SUP
Sentir a energia do mar e remar 6 km de Stand Up Paddle no meu habitat foi algo mágico, ali pude agradecer pelos momentos intensamente vividos durante esses 06 dias! Os braços estavam inteiros, a lombar nem sinal de vida “graças a deus”, mas as pernas estavam travadas sentindo todo o esforço de dias de atividade física. E ainda tinha o tão temido 01 km de natação até a chegada.

A presença dos atletas convidados, Fabíola Molina e Marcos Campos davam uma confiança a mais de que tudo daria certo, se não fosse avistar a multidão que estava na areia nos aguardando e engolir água salgada, rsrs. A partir daí sofri, chorei, me esforcei, recebi ajuda e claro concluímos o desafio após 308 km de aventura e muita emoção.

Foto: Ubatuba SUP
E é disso que a vida é feita: bons momentos vividos intensamente e compartilhados deixando aquela “cutucada” na vida de cada um que acompanhou a nossa experiência: Levanta daí, pratique atividade física, tenha saúde, seu corpo e sua mente agradecem.


Foto: Arthur Costa/globoesporte.com

Revista Viiti Perfil/Luz Câmera Esporte Ação: