Já imaginou correr, pedalar e remar durante seis dias, dia e noite, noite e dia, entre praias, costeiras, montanhas e cavernas? 13 países e 32 equipes largaram numa manhã ensolarada de agosto na Praia de Itacaré na Bahia e o destino era a Ilha de Comandatuba, 620 km após a largada!
É com grande honra que fiz a locução da maior prova de corrida de aventura da América Latina! E acompanhei de perto passo a passo, PC (ponto de controle) por PC até as primeiras equipes começarem a dar sinal de vida na Praia de Comandatuba 125 horas após a largada.
Entre atletas do mundo inteiro, ela estava lá, linda e guerreira para o maior desafio da sua vida. Rebeca Angeli, atleta multisport joseense, foi em busca de um sonho, o da superação pessoal.
“Durante toda a prova foi superação física, psicológica e emocional, saber lidar com a dor e dificuldade é uma arte, comenta Rebeca, emocionada minutos após eu anunciar a chegada de sua equipe On The Rocks”.
Sou um pouco suspeita para falar da Rebeca, afinal dei aquela “empurradinha” básica para as corridas de aventura quando me dei conta da enorme capacidade física e mental da atleta para provas longas.
Rebeca diz que ao lembrar-se do percurso do Ecomotion Pró não tem como não se emocionar:
"Logo no início da prova após remar 4 km nos deparamos com um trekking de 65 km onde pegamos parte na costeira, um dos trechos mais difícil pra mim, mais desafiante, mais insano, onde pisávamos em pedras cortantes e fazíamos escaladas em meio às ondas do mar onde a maré subia cada vez mais batendo forte nas pedras. Esse trekking durou cerca de dois dias até chegarmos a Lagoa Encantada onde nadamos 3,5km carregando mochilas. Já muito cansados, mas felizes com a receptividade da comunidade local por onde passávamos.
Respiramos fundo e seguimos para enfrentar os 50 km de canoagem pelos rios e canais em direção a Ilhéus. Seguimos de MTB para a cidade de Arataca, um dos integrantes da nossa equipe Miguel, estava com o pé infeccionado e com febre, decidimos então tomar corte no PC 21 de propósito para andarmos menos no próximo trekking correndo menos o risco da desistência. Ao amanhecer saímos para um trekking de 30 km direto para a cidade de Sta. Luzia, passamos por vários sítios e pequenas casas que nos acolheram e ajudaram nas paradas por causa do nosso atleta debilitado. Essa receptividade local foi fundamental para irmos em frente. Finalmente chegamos à cidade de Sta. Luzia, onde o Miguel foi atendido pela equipe médica e ficamos apreensivos se continuaríamos ou não na prova. Após umas 4 horas parados, Miguel tomou 2 litros de soro e foi retirado o espinho que causava a infecção, o médico nos liberou de continuarmos na prova. Partimos rumo à caverna, onde fizemos uma ascensão pela corda chegando a uma claraboia.
Após a ascensão de toda a equipe, continuamos num trekking onde era morro de um lado e barranco do outro com uma dose extra de lama pela madrugada. Chegamos às margens do Rio Pardo pela tarde para descermos as corredeiras, foram 50 km de canoagem onde aos 25 km paramos na cidade de Mascote para jantarmos e dormimos um pouco, estávamos com muito frio e fome, parada estratégica para recarregar as baterias e seguirmos em frente. Após a canoagem seguimos madrugada à dentro de trekking passando por lama e muita roça de cacau, onde comemos muito dessa fruta e quase não vimos moradores. Por fim, 40 km de MTB até Canavieiras e mais 50 km de canoagem até a chegada emocionante em Comandatuba, onde ouvi a voz da minha querida amiga Fabi, que já sabia que minha equipe On The Rocks estava próxima. “Aí foi só comemorar, abraçar a equipe, agradecer cada um por todos os momentos e agradecer a Deus pela oportunidade de crescimento como atleta e pessoa”. Foi uma das melhores experiências da minha vida! finaliza Rebeca.
A equipe On The Rocks cruzou a linha de chegada quase 12 horas após a primeira colocada, a Columbia Vidaraid.
E a grande dúvida da prova estava com a equipe neozelandesa Seagate, campeã mundial e líder da Adventure Race World Series, será que iriam manter a invencibilidade? E chegar em 72horas como haviam previsto?
Não é só força física que faz uma equipe ser completa, é necessário equilíbrio psicológico, experiência, sintonia, maturidade que unidas ao bom condicionamento físico levam à vitória.
E foi assim numa belíssima sincronia de todos os ingredientes necessários para o sucesso de uma equipe de corrida de aventura, que a experiente atleta Bárbara Bomfim, foi bi campeã do Ecomotion Pró 2013 ao lado da sua equipe Columbia Vidaraid, formada por dois brasileiros e dois espanhóis.
“Não achávamos que poderíamos superar a Seagate. Eles têm um nível muito alto e lideram o ranking mundial. Fiquei um pouco mais animada quando soube que o navegador oficial deles não viria. O cara é fera e muito importante para guiar a equipe. O fato de ser no Brasil também era um ponto a nosso favor. Ainda assim, durante a prova, achávamos que eles poderiam nos passar a qualquer momento. Foi uma grande surpresa ir percebendo ausência de pegadas, o que indicava que ninguém tinha passado. Eles se perderam muito e isso foi fundamental para a nossa vitória”, explica Bárbara.
Barbara participou de sua primeira corrida em 2001. Desde então se apaixonou pela aventura e passou a conciliar a carreira de engenheira ambiental com a de atleta. Treina em média duas horas por dia e se aplica mais nos fins de semana. O fato de namorar um companheiro de equipe também ajuda a se dedicar ao esporte.
Durante todo o evento os atletas foram monitorados com um dos sistemas mais avançados de geolocalização, o Yellowbrick. O equipamento pode ser programado para ligar automaticamente num intervalo de tempo, obtém uma posição com a rede de satélites GPS e, em seguida, transmite essa posição de volta para um mapa no site
www.ecomotion.com.br, o que facilitou o monitoramento de todas as equipes durante toda a prova!
Confira as 05 primeiras colocadas:
01 – Columbia Vidaraid
02 – Seagate
03 – BMS
04 - Quasar Lontra Kailash
05 – Vaucluse Adventure Lafuma
Fique por dentro do Ecomotion Pró e das próximas corridas de montanha:
www.ecomotion.com.br
Aventure-se!
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