Conversei com o fisioterapeuta Fabrício Lisboa sobre prevenção de lesões ortopédicas em atletas amadores e profissionais. O início da temporada de provas de modalidades como: corrida de rua, ciclismo, trail running, natação, triathlon, entre outros, traz também a preocupação e cuidado com o corpo evitando que as lesões possam ser um incômodo nos treinos e competições.
Fabrício Lisboa é fisioterapeuta formado pela Universidade de Taubaté, pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade de Taubaté, pós-graduado em Reabilitação Aplicada ao Esporte pelo CETE/UNIFESP e especialista em Fisioterapia Esportiva pelo COFFITO. É membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva. Atualmente é responsável pelo Departamento de Reabilitação Esportiva da Prefeitura Municipal de Taubaté, Fisioterapeuta da LUASA SPORTS (Atletismo de alto rendimento). Atua clinicamente atendendo atletas amadores e de alto rendimento de diversas modalidades esportivas em seu consultório localizado na Academia Cunzolo Acqua.
Revista Vitti: Qual é o papel da Fisioterapia Esportiva?
A fisioterapia esportiva é uma especialidade da fisioterapia que busca a reabilitação, prevenção e atenção ao atleta amador, profissional e de qualquer outra pessoa que pratique alguma atividade física e que tenha pretensões de retornar ou se manter em atividade de maneira segura.
Revista Vitti: Quais seriam as indicações para a Fisioterapia Esportiva?
A Fisioterapia Esportiva é indicada para todos os momentos da prática esportiva. Primeiramente é indicada para pessoas que querem começar a prática de atividade física. Também para pessoas que já praticam alguma atividade física e não têm suporte e acompanhamento profissional adequado. É indicada para reabilitação de lesões esportivas e retorno ao esporte. E de maneira importante também no acompanhamento e manutenção de um quadro de performance com o objetivo de prevenção de lesões.
Revista Vitti: Quais os principais riscos para o desenvolvimento de lesões durante uma temporada?
Além das características individuais do atleta, como idade, gênero, alterações posturais, fraquezas musculares, encurtamentos musculares e rigidez articular. As lesões esportivas podem acontecer em sua maioria por falta de planejamento no treinamento, erros e falhas na execução do gesto esportivo, falta de estrutura muscular adequada, sobrecarga de volume e intensidade de treinamento.
Revista Vitti: Quais os diferenciais que o atleta profissional ou amador devem buscar para minimizar os riscos de lesões?
a) Buscar centros de esporte, performance e reabilitação que possibilite a proximidade dos profissionais envolvidos no processo de planejamento de treinos e provas.
b) Realizar uma avaliação cinético-funcional e acompanhamento continuado com fisioterapeuta especializado, isso possibilita identificar possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de lesões. Essas avaliações devem ser criteriosas, incluindo a avaliação do padrão do movimento, força muscular, amplitude e sinergia do movimento, avaliação postural e estrutural com o objetivo de acompanhar o desempenho e os riscos de lesão relacionada ao esporte.
c) Se preocupar com condições associadas muitas vezes negligenciadas como alimentação adequada e compatível com o nível de atividade e exigência dos treinos e provas, buscar qualidade de sono, estratégias de recuperação pós-prova específicas para cada modalidade (alongamento, liberações miofasciais, massagem, terapia com gelo e dispositivos\equipamentos que auxiliam no processo de regeneração metabólica, entre outros).
d) Dedicar tempo e esforço para realização de um trabalho de base com musculação (força, resistência, alongamento) e treinamento sensório-motor (equilíbrio e coordenação) compatíveis com a modalidade escolhida também são fundamentais para o planejamento pessoal e prevenção de possíveis lesões.
e) A especificidade e individualidade no treinamento devem ser respeitadas acima de tudo. Cada atleta, sendo amador ou profissional, deve ter seu próprio programa de treinamento prestando a devida importância ao nível de atividade (recreativo, amador ou alto rendimento), idade, gênero e objetivos individuais pré-estabelecidos de cada praticante em sua modalidade específica.
Revista Vitti: Dicas para minimizar o risco de lesão durante o período de treinamento e competição
Podemos enumerar algumas dicas importantes para minimizar o risco do aparecimento de lesões relacionadas ao esporte:
a) Conte com a estrutura de uma academia/clube de excelência para atender as necessidades de treino e recuperação: não deixe de investir em seu tempo e saúde, isso com certeza fará toda a diferença durante a temporada de treinos;
b) Escolha uma equipe de profissionais altamente capacitados para acompanhar sua temporada de provas: ter uma equipe de apoio formada por médico do esporte, educador físico, nutricionista e fisioterapeuta, por exemplo, é totalmente possível e compatível com a realidade de treinos de atletas amadores e profissionais.
c) Procure variar os tipos e terrenos de treinos para minimizar sobrecarga: pesquisas indicam que estímulos repetidos em articulações e músculos podem gerar sobrecarga mais rápido. Procure terrenos diferentes de treino, ou ainda modalidades diferentes para variar o seu treino. Converse sempre com sua equipe.
d) Busque estratégias de preparo pré-prova e recuperação pós-prova eficazes com profissionais qualificados: educadores físicos e fisioterapeutas podem com uma ampla variedade de técnicas para melhorar sua performance com intervenções antes da prova/treino ou ainda auxiliar na “dor do dia seguinte” após a prova/treino
Revista Vitti: O que fez você escolher a Fisioterapia Esportiva?
Amo o esporte e vivencio as competições como atleta do basquete desde a infância, com os anos busquei com a prática de outras modalidades como natação, skate, surfe entre outros. Trabalhar com a Fisioterapia Esportiva me possibilitou ficar próximo do esporte amador e de alto rendimento. Além disso, buscar a prática nos esportes de diversas modalidades (natação, corrida de montanha, surfe, skate, entre outros) me possibilita TER E VIVÊNCIAR (sentir no corpo) os treinos e as provas, o que torna a realização do trabalho de reabilitação consistente e condizente com o que o atleta necessita individualmente.
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